sábado, 8 de dezembro de 2007

A Morte da Boneca

Numa noite escura como breu nós tínhamos ido jantar a casa de um amigo meu, o Daniel, aquele que passa a vida a tentar passar o último jogo da playstation. Também iam lá ter o David, o Marcelo e a Ana, que vinham com as respectivas famílias, pais e irmãos.
Quando cheguei, já lá estavam os outros convidados. Estava tudo normal, cada grupo a conversar sobre qualquer coisa completamente diferente da conserva do lado. Era sempre assim em todos os jantares, quase não havia excepção.
De repente, as luzes apagaram-se. E quando voltaram a acender-se, a mãe do Daniel serviu o primeiro prato, tinham-me dito que era Gyudon, um prato japonês, mas em vez da carne, na travessa estava a boneca Puca com uma faca nas costas a dar gritos de infelicidade cada vez que lhe tocavam. A Puca era da irmã mais nova da Ana.
A irmã da Ana começou a chorar muito e eu sabia que tinha sido alguém que estava sentado naquela mesa que o tinha feito. Então comecei a fazer perguntas ao Daniel.
- Onde estavas quando as luzes se apagaram? – perguntei ao Daniel.
- Eu… fui beber um bocado de Coca-Cola. - respondeu o Daniel
- Então foste tu David?
- Eu?! Com que provas? – contestou o David.
- Onde estiveste, então? – perguntei ao David com um ar apreensivo.
- Eu fui tentar passar o jogo ao Daniel, porque ele nunca me deixa jogar!! – disse o David muito baixinho.
- Então deves ter sido tu, Ana? Tu querias abraçar a Puca, mas a tua irmã nunca deixou! Não é verdade?
- Eu seria incapaz de fazer tal coisa à boneca da minha irmã! – respondeu a Ana indignada.
- Então não te importarias de me emprestar a tua faca?
- Oops! – fez a Ana.
- Vou revelar-vos o que aconteceu: a Ana tirou a boneca à irmã, mas esqueceu-se que a boneca dava um grito cada vez que a agarravam, foi então que não houve outra opção, pegaste na faca e silenciaste-a! Conta-nos porque é que o fizeste?
- Alguma vez ela me deixou dar um pequeno abraço à Puca?! Não! Nunca!!
- Entendo! Tu só querias abraçar a boneca um bocado, não é verdade!!
- Claro que não! - Disse bruscamente! Eu queria-a só para mim! Buá ah ah ah!!
- Levem-na daqui. Ela é louca! – disse o Marcelo alarmado.
- Desculpe o incómodo, D. Paula! – disse a mãe da Ana.
- Não faz mal! Afinal são crianças!! Até à próxima! – disse a mãe do Daniel.

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